Os caminhos da família dona da TV Bandeirantes e Fernando Collor se cruzaram na disputa presidencial. Collor era um candidato desacreditado, ainda tratado por empresários e donos de meios de comunicação como um nome de segundo escalão naquela que ficou conhecida como a primeira votação direta pós-ditadura militar. Com os Saad não foi diferente. Foi Leopoldo, irmão de Collor, quem procurou Johnny Saad para contar que ele seria candidato a presidente.
“Não me diga, é mesmo?”, perguntou o incrédulo Johnny Saad. Naquele momento, Collor era mais associado ao Governo de Alagoas e à emblemática marca que se destacou na campanha e entrou para a história: o caçador de marajás. Segundo reconstitui o Notícias do Planalto, “Leopoldo Collor disse que havia uma disputa judicial sobre o cabimento de Fernando Collor participar do programa de televisão do Partido da Juventude. Com as dúvidas legais, nenhuma rede de televisão estava querendo gerar o sinal do programa, a ser captado e retransmitido pelas emissoras de todo o país”. E perguntou: “Será que a Bandeirantes poderia gerar o sinal?”, indagou Leopoldo. “Se vocês conseguirem a autorização judicial, não tem problema”, respondeu Johnny Saad. Autorização concedida, a Bandeirantes cumpriu o prometido, Collor quis agradecer a Saad.
Leopoldo intermediou o encontro. Ambos se conheceram, cumprimentaram- -se, trocaram frases. Johnny perguntou a Collor se ele se considerava preparado para governar o Brasil. Collor disse que sim. Na saída da TV Bandeirantes, Johnny Saad acompanhou Collor até o carro. “Quando eu for presidente, espero retribuir o favor”, disse o candidato ao empresário. “Johnny considerou remotíssima a possibilidade de Collor ser eleito, mas o achou carismático. Voltou ao andar da diretoria e quis saber a opinião do pai: — Então, o que o senhor achou do Collor? — Achei ele louco — respondeu João Saad.
Com Odilon Rios


